28 de Julho de 2025

Levantamento revela que jovens brasileiros tendem a deixar a esquerda com o avanço da idade

Uma pesquisa inédita realizada com base em meio milhão de publicações em redes sociais mostra que o jovem brasileiro apresenta uma mudança significativa na sua orientação política à medida que envelhece. Segundo o estudo, encomendado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e realizado pela consultoria AP Exata, há uma tendência dos jovens de migrar da esquerda para o centro político, ou mesmo desenvolver um ceticismo e afastamento dos debates políticos.

O levantamento publicado inicialmente pelo site Poder360, intitulado “O que pensam os jovens brasileiros”, analisou 500 mil postagens feitas por usuários de 16 a 30 anos em plataformas como X (antigo Twitter), YouTube, Threads, Instagram, Facebook e Discord, abrangendo 145 cidades em todos os estados do país. Além do espectro político, o estudo avaliou os humores coletivos, os temas prioritários em diferentes fases da juventude e as variações regionais.

Entre os adolescentes de 16 a 18 anos, a esquerda é a força dominante, com 44,5% de identificação. Contudo, essa predominância começa a diminuir na faixa dos 19 a 24 anos, caindo para 33,7%, e despenca ainda mais entre os jovens de 25 a 30 anos, onde apenas 18,9% se consideram de esquerda. Essa redução está associada à priorização de responsabilidades como trabalho, família e objetivos pessoais.

Já o centro político cresce com a idade, saindo de 17,6% entre os mais jovens para 27,4% entre os 25 e 30 anos, tornando-se a posição mais adotada neste grupo. O ceticismo também avança, passando de 19,5% para 25,2%, enquanto a apatia em relação à política sobe de 7,4% para 10,9%, sinalizando um afastamento gradual do debate político tradicional.

O diretor-geral da FAP, Marcelo Aguiar, destaca que essa mudança não é um fenômeno exclusivo do Brasil, mas reflete um processo histórico observado globalmente. Ele considera o levantamento uma “fotografia” do atual cenário político e cultural dos jovens brasileiros. Para Aguiar, a diminuição da adesão à esquerda pode estar relacionada à “perda de utopias e de identidade”, mas isso não indica o fim da esquerda, e sim uma fase de reestruturação.

No espectro da direita, os índices se mantêm relativamente estáveis, com 21,8% dos jovens de 19 a 24 anos e 17,6% na faixa dos 25 a 30 anos, sustentados por discursos focados em mérito e valores conservadores. No entanto, o ambiente digital — palco do levantamento — é dominado pela direita, o que explica, segundo Aguiar, um atraso inicial da esquerda na mobilização online. Ele afirma que o cenário começou a mudar recentemente, citando como exemplo a reação digital da esquerda às taxas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Quanto aos temas discutidos, o interesse dos jovens evolui com a idade. Enquanto os adolescentes estão mais focados em estudos, saúde mental e futuro (32,5%), os jovens adultos dão maior importância à política (24,6%) e ao trabalho, refletindo as mudanças nas responsabilidades e prioridades ao longo do ciclo de vida.

A pesquisa utilizou metodologia inovadora, incluindo a netnografia para análise qualitativa, e é baseada na plataforma Horus, da AP Exata, que monitora as redes sociais brasileiras.

 

Informações da Gaeta Brasil / Foto: Fernando Fraão/Agência Brasil

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