29 de Abril de 2024

O que a faixa de Gaza e a situação no Brasil têm em comum?

Enquanto a gente acompanha a guerra na faixa de Gaza, no sul de Israel, a gente esquece das guerras brasileiras, não é mesmo? Aquela chacina de médicos na Barra da Tijuca. Depois o justiçamento daqueles que se enganaram matando os médicos. E a Amazônia pululando também. O Rio de Janeiro, com territórios liberados, é quase uma faixa de Gaza.

Na Amazônia, agora as forças federais estão tratando mal os brasileiros, para serem aplaudidos no exterior. Jacareacanga, no Pará, está uma penúria. Lá há garimpeiros, mundurucu, droga, álcool, pobreza. Veja o que está acontecendo, também no Pará, em São Félix do Xingu, na Terra Indígena Apyterewa. Criaram uma reserva indígena - onde nunca teve indígena - para colocar os que seriam afetados pela inundação da barragem da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Houve uma negociação - parece que nem ia atingir indígenas - mas criaram uma reserva.

Só que isso faz meio século. Tem brasileiro lá plantando cacau, criando gado. São brasileiros trabalhadores, humildes, pobres que foram para lá porque não tinham outra forma de sobrevivência. Foram procurar a oportunidade por lá e agora estão sendo escorraçados sem que a situação tivesse transitado em julgado. Mas isso é para gringo ver. "Olha só como estamos protegendo a floresta”. Mas não estamos protegendo brasileiros humildes e que estão com a razão.

Por que eu estou contando isso? Olha, assim como em Gaza, aqui no Brasil estão tratando de gente que tudo da vida deles está lá. Eles não têm outro lugar para ir. A casa que fizeram, a escola que ergueram para os seus filhos ou a pouca criação de gado, o cacau que plantaram. Só para a gente lembrar.

É momento de autoridades do Brasil viajarem para o exterior?

Enquanto isso, de novo, tem mais um festival no exterior. As nossas autoridades estão indo para o Fórum Esfera Internacional em Paris. Nos dias 12, 13 e 14 desta semana consta que vão estar lá o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, o decano do Supremo, o presidente do BNDES, o ministro de Minas e Energia. Todos eles estão indo para o exterior.

Dizem que é uma forma, talvez, de tentar fazer com que os parisienses encontrem brasileiros, ou vice-versa. Esses encontros são feitos em Nova York, em Portugal e na Itália para discutir o desenvolvimento do Brasil. Só que eu não sei se é o momento de o presidente do Senado ou do Supremo se ausentar do país. Não me parece ser o melhor momento.

O que as imagens da "suposta" agressão ao ministro Alexandre de Moraes dizem?

Eu falei em Itália, aí lembrei que o senador de Santa Catarina Jorge Seif pediu para o governo italiano uma cópia do vídeo que está mantido sob sigilo pelo ministro do STF, Dias Toffoli. É da suposta agressão - aliás, o termo “suposta” saiu até no relatório da Polícia Federal. A suposta agressão não é uma agressão. Não mostraram o vídeo, mas mostram imagens congeladas do vídeo, como se fosse uma foto. Talvez numa tentativa de a gente pensar que a mão de um daqueles da família, que seria a agressora, estaria tocando o rosto do filho do ministro Alexandre de Moraes.

Outro dia, eu confundi com o ministro Luís Roberto Barroso. O Barroso é o do “Perdeu, Mané”. Moraes é do “bandido”. Foi gravado chamando a pessoa que estava gravando de bandido lá no aeroporto.

Mas nas imagens divulgadas a gente só vê que a mão e braço estão superpostos à distância. Sabe por quê a gente percebe isso? Porque se a gente olhar para baixo e olhar a distância entre os pés de um e os pés de outro, vai ver que está dando mais ou menos um metro e meio. Então, o braço não alcançaria de jeito nenhum o rosto do outro. É fácil de perceber. Então, não dá nem para dizer que é “suposta” porque é fisicamente impossível. Deixo aqui registrado isso até que a Itália atenda ao pedido do senador Seif sobre uma cópia dessas imagens, para a gente tirar as dúvidas.

Estão discutindo tanto esse assunto, e essa família já pagou muito, como se fosse criminosa. Eles tiveram que sofrer com busca e apreensão de computadores, celulares. Reviraram a vida deles para ver se encontravam alguma coisa. Pelo jeito não encontraram nada além dessas imagens que, se a gente quisesse dizer que foi agressão, teria que contrariar leis físicas. Porque pela imagem que a gente está vendo, a distância entre os pés dos dois é mais de um metro e meio. Sendo assim, o braço não alcançaria o rosto alheio.

 

Informações da Gazeta do Povo / Foto: Antônio Lacerda/EFE

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