O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (3) que está disposto a considerar a redução das tarifas impostas a outros países — desde que, em troca, os EUA recebam algo “fenomenal”.

Durante um voo a bordo do Air Force One, Trump defendeu sua política tarifária, uma das marcas de sua gestão, mesmo diante da recente queda nos mercados financeiros.

“As tarifas nos dão um grande poder de negociação”, declarou o republicano, destacando que vários países demonstraram interesse em firmar acordos. No entanto, ele ressaltou que qualquer concessão dependerá do que for oferecido em troca: “Depende se alguém disser que vai nos dar algo fenomenal… desde que nos deem algo bom”, disse.

As declarações ocorrem em meio a fortes baixas nos índices de ações. O S&P 500 perdeu cerca de US$ 2,5 trilhões em valor de mercado, com queda próxima a 5%. O índice de pequenas empresas Russell 2000 recuou 20% desde o pico de 2021, aumentando as preocupações sobre os impactos da política comercial agressiva de Trump na economia dos EUA.

TikTok e tarifas contra a China

Trump também indicou que pode aliviar as tarifas sobre a China, especialmente se o governo chinês concordar em vender as operações do TikTok nos EUA, como parte de um acordo que desvincule o aplicativo de sua controladora, a empresa chinesa ByteDance Ltd.

O prazo final para a venda do TikTok nos EUA é sábado, 5 de abril. Trump disse que seu governo está “muito perto de um acordo” para resolver a situação do aplicativo.

Apesar disso, o ex-presidente afirmou que as negociações com a China ainda não avançaram significativamente. Ele reiterou que as tarifas seguem sendo um instrumento central da sua diplomacia. “Usei muito bem no primeiro mandato. Agora estamos levando isso a um nível completamente novo”, afirmou.

Na quarta-feira (2), Trump impôs uma nova rodada de tarifas de 10% sobre 184 países e territórios, incluindo a União Europeia. No caso da China, o total das tarifas chegou a 54%, com a adição de 34% sobre os 20% já existentes — medida vista como uma pressão direta para acelerar a venda do TikTok em território americano.

Trump também revelou que tem conversado com líderes de diversos países e empresas sobre possíveis reduções tarifárias, mas não revelou nomes.

Futuro do TikTok nos EUA

Sobre o futuro do TikTok, que segue sob escrutínio por questões de segurança nacional, Trump disse que o processo de venda está avançando e que diversas empresas demonstraram interesse em comprar o aplicativo. Entre os possíveis compradores estariam Amazon, Oracle e o fundador da OnlyFans — embora Trump não tenha citado nomes diretamente, apenas comentou que o acordo está “muito próximo”.

O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, também afirmou esperar que a situação do TikTok seja resolvida até a data limite de 5 de abril, conforme estipula a legislação aprovada em 2024, que obriga aplicativos com matriz em países considerados adversários a se desvincularem dessas empresas.

A pressão sobre o TikTok aumentou após o Congresso aprovar uma lei que proíbe aplicativos vinculados a empresas estrangeiras sob suspeita de facilitar a vigilância por governos hostis. Diante da ausência de um acordo, a plataforma chegou a ser suspensa temporariamente nos EUA, até que Trump assinou uma ordem executiva estendendo o prazo de desinvestimento por mais 75 dias.
 

Com informações da AFP, Bloomberg e EFE / Foto: Official White House Photo by Shealah Craighead