Popularmente retratados na literatura e no cinema como criaturas sombrias associadas a bruxas, vampiros e ao icônico super-herói Batman, os morcegos carregam uma reputação injusta. No entanto, distante da ficção e bem longe de serem os vilões da história, os morcegos, na verdade, são mamíferos essenciais para o equilíbrio ambiental, atuando na polinização, dispersão de sementes e controle de insetos.

Apesar de sua importância ambiental, os morcegos ainda enfrentam preconceitos e são vistos com medo ou aversão por muitas pessoas. Essa percepção equivocada pode levar a reações exageradas e até prejudiciais.

O médico veterinário do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Paulo Bahiano, que atua no Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), alerta que esses estereótipos negativos podem levar à agressão indiscriminada dos animais, mesmo quando são inofensivos. Além disso, essa visão distorcida dificulta os esforços de conservação, pois muitas pessoas não reconhecem a necessidade de protegê-los.

“Os morcegos são os maiores reflorestadores naturais, além de auxiliarem no controle de pragas agrícolas e vetores de doenças”, explicou Bahiano.

Paulo também explicou que algumas espécies desempenham um papel semelhante ao das abelhas na polinização, contribuindo para a reprodução de diversas plantas, incluindo frutas e culturas de importância econômica. “Sem os morcegos, os ecossistemas podem ser severamente impactados, comprometendo a biodiversidade, o controle biológico de pragas e a regeneração florestal”, acrescentou.

Apesar dos estereótipos que cercam esses animais, o CETAS recebeu, no primeiro trimestre de 2025, sete morcegos em forma íntegra e sem sinais de conflitos com pessoas, porém com alterações comportamentais. Seis foram resgatados em diferentes situações, enquanto um foi entregue de forma voluntária.

Diante da presença de um morcego em casa ou em áreas urbanas, Bahiano orienta a população a evitar o contato direto e isolar o local. “Não é comum os morcegos ficarem expostos à luz do dia e se for encontrado pela manhã, não tente pegá-lo ou manipulá-lo. Observe-o à distância, isole a área e, caso ele esteja ferido, doente ou em risco, entre em contato com o Disk Fauna do Inema para solicitar o resgate”.

Resgates e entregas voluntárias

O CETAS desempenha um papel crucial na proteção de animais feridos, vítimas de maus-tratos ou que necessitam de cuidados especiais. Além disso, oferece um canal seguro para a entrega voluntária de animais silvestres, garantindo que aqueles que se encontram longe de seu habitat natural tenham a chance de voltar à liberdade.

Para quem encontrar um animal silvestre ferido, ou que esteja fora de seu habitat natural, como em rodovias, praças ou residências, ou ainda pretende fazer uma entrega voluntária, o CETAS disponibiliza o serviço de resgate através do WhatsApp (71) 99661-3998. Este canal de comunicação é essencial para garantir que os animais recebam o cuidado necessário e possam ser destinados corretamente após passarem por triagem, sendo uma dessas destinações a chance de retornar para a natureza.


Foto: Ascom/Sema