20 de Maio de 2025

Cerca de 3 toneladas de coral invasor são removidas da Ilha de Itaparica

Uma força-tarefa com mais de 20 mergulhadores retirou 2.939,425Kg do coral invasor Chromonephthea braziliensis das águas da Ilha de Itaparica. A operação subaquática, que começou na última sexta-feira (16) e seguiu até terça-feira (20), mobilizou instituições públicas, ONGs e universidades em um esforço conjunto de conservação marinha. Agora, o trabalho entra em uma nova fase, o monitoramento das áreas afetadas. A ação foi coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), com atuação direta da ONG Pró-Mar. O trabalho contou ainda com o apoio da Marinha do Brasil, da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ibama e de universidades.

Detectado há cerca de um ano por pescadores locais, o coral Chromonephthea braziliensis preocupa especialistas devido à sua rápida proliferação e capacidade de causar danos à biodiversidade nativa. A espécie compete por espaço com corais locais e libera substâncias químicas que dificultam sua predação e podem provocar necrose em outros organismos marinhos.

A bióloga e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Tatiane Aguiar, explicou que após esses cinco dias de ação vai entrar em uma nova etapa, que é o monitoramento. “A ideia é acompanhar a possível recolonização das áreas onde os organismos foram retirados. Vamos observar se eles retornam, em quanto tempo isso acontece e em que ritmo. Para isso, o apoio da comunidade é fundamental, como eles têm mais acesso ao local, podem ajudar com uma vigilância contínua e nos informar caso percebam esse retorno. Esse acompanhamento é essencial para entendermos os efeitos da intervenção. Precisamos saber se os organismos voltam, em quanto tempo, ou se não retornam. Essas informações vão orientar as próximas etapas do trabalho. É um processo longo, mas muito importante e que precisa ser feito”, reiterou Aguiar.

Segundo Tiago Porto, diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, a operação representa um passo importante na contenção da espécie invasora. “Em apenas cinco dias de trabalho intenso na Baía de Todos-os-Santos, conseguimos remover cerca de 3 mil quilos de uma espécie invasora de coral. Ainda estamos construindo caminhos para garantir a continuidade desses trabalhos, cada espécie invasora, em cada território, exige uma resposta específica. E para isso, a participação da sociedade é essencial, tanto na identificação de novas ocorrências quanto na construção de soluções. Proteger nossos ecossistemas é uma responsabilidade compartilhada. É hora de agirmos juntos”, destacou Porto.

Mobilização comunitária surpreende e amplia impacto da ação

“Minha expectativa principal era uma boa participação, e o que mais me surpreendeu foi o envolvimento da área de pesca. Ver essa integração entre os órgãos envolvidos foi algo que realmente me impressionou”, ressaltou Zé Pescador, da ONG PróMar, que está coordenando a operação de remoção. Zé também destacou que foram 3 toneladas. “Então, em termos de volume, de participação e de engajamento, foi além do que a gente imaginava. Houve muita responsabilidade, muito trabalho voluntário. Foi realmente uma mobilização coletiva, com todo mundo querendo se inteirar, entender e aprender. E o mais importante, agora temos uma parte de Itaparica mais bem informada sobre o que é a bioinvasão, sabendo lidar melhor com essa situação”, afirmou Zé.

Pescador há mais de 20 anos, Geraldo Barros esteve neste cinco dias da ação de remoção do octocoral participando como voluntário. “Eu estive aqui nesses cinco dias participando dessa ação, e posso dizer com certeza, ela faz uma diferença enorme. A gente precisa que o nosso nativo entenda cada vez mais o valor do que está sendo feito. O benefício real não é para quem está participando da operação, mas sim para quem vive aqui, que depende diretamente dessa terra, dessa natureza. Nós estamos aqui como apoio, mas quem realmente ganha com isso é a comunidade local. Por isso, essa ação não pode parar. Ela precisa continuar, se fortalecer, envolver mais gente. Só assim vamos conseguir preservar o que é de todos, mas que, principalmente, é a base da vida de quem mora aqui”.

Destinação Correta

Todo o material recolhido durante os cinco dias de ação foi cuidadosamente separado em duas categorias. Uma parte será enviada ao aterro sanitário para descarte adequado. A outra será encaminhada à Oficina Carbono 14, onde passará por um processo de secagem e preparação antes de ser destinada ao Cimatec e à Embrapa. O objetivo é investigar possíveis formas de reaproveitamento do coral removido. “Quero realizar pesquisas para avaliar se é possível desenvolver um adubo ou fertilizante, além de verificar seu potencial uso em cosméticos, corantes ou tintas”, explicou Zé Pescador.


Foto: Ludmille Nazaré / Ascom Sema

Whatsapp

Galeria

Bahia Farm Show apresenta exposição fotográfica sobre as belezas do Oeste da Bahia
Exposição aproximará startups agrícolas de investidores privados
Ver todas as galerias

Artigos