25 de Novembro de 2024

Descubra as capitais brasileiras com os piores indicadores sociais

Um estudo inovador publicado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) desnuda a profunda desigualdade que marca o Brasil. O Mapa da Desigualdade entre as Capitais Brasileiras, que analisa 40 indicadores sociais, aponta para um cenário desolador nas regiões Norte e Nordeste, onde as capitais figuram nas últimas posições em diversos quesitos cruciais para o bem-estar da população.

As capitais do Norte e Nordeste ostentam os piores índices de renda, saúde, saneamento e segurança pública do país. A pobreza, o desemprego e a violência grassam nessas regiões, confinando milhões de brasileiros à margem da sociedade. As cinco últimas posições no ranking de PIB per capita, recebimento de benefícios sociais, índice de desocupação e taxas de homicídios, especialmente entre jovens, são ocupadas por cidades nordestinas e nortistas.

Em contraste gritante, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste lideram a maioria dos indicadores. Florianópolis (SC), com apenas 1,1% da população abaixo da linha da pobreza, Curitiba (PR), com 2,3%, e Cuiabá (MT), com 2,7%, ilustram a disparidade abissal em relação à realidade das capitais menos favorecidas, onde Recife (PE), Rio Branco (AC) e Salvador (BA) registram mais de 10% da população em situação de pobreza extrema.

O estudo do ICS coloca as capitais do Norte e Nordeste nas últimas posições do Mapa da Desigualdade. As 15 últimas colocações no ranking, que contempla 26 capitais (excluindo Brasília), são ocupadas por cidades dessas duas regiões, enquanto Curitiba (PR) se destaca na primeira posição, seguida por Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG). A classificação se baseia na soma de pontos obtidos em cada um dos 40 indicadores analisados, com Curitiba liderando com 677 pontos e Porto Velho (RO) amargando a última posição com 373 pontos.

As disparidades regionais se tornam ainda mais gritantes quando se observam os indicadores de renda, saúde e segurança pública. As taxas de pobreza, mortalidade infantil e homicídios nas capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste podem ser até dez vezes superiores às do Norte e Nordeste. A taxa de homicídios em São Paulo (SP), a mais bem colocada no quesito, foi de 2,03 por 100 mil habitantes em 2021, enquanto em Macapá (AP), a última da lista, a taxa atingiu 62,41 mortes por 100 mil habitantes, uma diferença estarrecedora de 29 vezes.

Os indicadores do estudo se baseiam nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, metas que o Brasil se comprometeu a alcançar até 2030. Entre elas, estão a erradicação da pobreza e da fome, a redução das desigualdades e a busca por paz, justiça e instituições eficazes.

Os autores do Mapa da Desigualdade alertam para a disparidade estrutural que marca o país. Jorge Abrahão, coordenador-geral do ICS, critica a abordagem pontual das políticas públicas, que, segundo ele, raramente são capazes de solucionar as raízes das desigualdades.

 

Informações da Gazeta Brasil / Foto: Marcello Casal Jr.

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