21 de Novembro de 2024

'E quando a polícia for embora, como ficamos?', questiona morador

Tiroteios, lojas fechadas e impossibilidade de sair de casa: moradores e comerciantes do Alto das Pombas viveram momentos de apreensão nesta segunda-feira (4) e na manhã de terça-feira (5). Na tarde de ontem, o bairro aparentou voltar à normalidade, com estabelecimentos voltando a abrir, pessoas transitando e policiamento nas ruas. Entretanto, o relato de quem passa por ali todos os dias ainda é de insegurança.

“Enquanto a polícia está aqui, está tudo certo. Mas e quando a polícia for embora, como nós ficamos?”. Esse é o questionamento de um dos comerciantes do bairro, que manteve suas portas fechadas na segunda-feira (4) por conta dos confrontos entre a polícia e membros da facção Comando Vermelho (CV) na região. O homem, que preferiu não ser identificado, precisou trabalhar nessa terça-feira mesmo em meio ao medo, para não perder as frutas e verduras que vende.

De acordo com uma manicure de 45 anos, que vive no Alto das Pombas desde que nasceu, situações com essa gravidade não são comuns na região. “No domingo, eu não consegui voltar para casa, porque homens armados, com fuzis e tudo, estavam bloqueando. Precisei ir para a casa de uma amiga até a situação melhorar. Na segunda (4), não consegui sair de casa. Precisei ir na farmácia e não pude”, disse. Ontem, ela conseguiu sair para trabalhar, mas relata ter pedido aos clientes para marcarem horário mais cedo.

Outra moradora, que tem uma loja de roupas no bairro há um ano, diz ainda estar tensa. “Abri hoje [ontem], mas ainda com medo. Geralmente, eu fico até as 19h, mas agora já vou fechar antes de escurecer”, afirma.

Segundo ela, a escola de sua filha adolescente, localizada entre o Alto das Pombas e o Calabar, precisou fazer uma votação para que os pais decidissem entre a continuidade das aulas ou a suspensão até a próxima semana. Devido à sensação de alerta, os votos a favor da suspensão foram unânimes.

Procuradas, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil orientaram que a Polícia Militar fosse contatada. Em nota, a PM afirmou que a única ocorrência desta terça-feira (5) foi uma ação no fim da manhã que resultou na apreensão de três pistolas e nas mortes de três suspeitos.

“As equipes do Batalhão de Patrulhamento Tático Móvel (BPatamo) avistaram um grupo de indivíduos armados, que atirou contra os policiais militares. Houve o revide e, após o confronto, três criminosos foram encontrados caídos ao solo com ferimentos e socorridos para o Hospital Geral do Estado (HGE). Além das armas de fogo, o trio estava com 139 porções de cocaína, duas roupas camufladas, um cinto de guarnição e R$ 117 em espécie. O material foi apresentado no DHPP”, diz o texto.

A PM declarou, ainda, que "equipes da 41ª CIPM, da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp Atlântico, e Unidades de Policiamento Especializado seguem no local com as ações intensificadas, sem previsão de término".

Transmissão ao vivo do cárcere privado

Nos casos de cárcere com reféns registrados na segunda-feira, uma estratégia comum dos sequestradores foi transmitir as ações ao vivo pelas redes sociais.

Na primeira transmissão, aberta numa casa na Rua Teixeira Mendes, um homem armado mantinha refém uma família de seis pessoas, incluindo duas crianças. A transmissão, feita pelo Instagram, alcançou mais de oito mil pessoas.

O segundo caso, que teve início por volta de 16h, também foi compartilhado ao vivo pelos sequestradores via Instagram. Na transmissão, eles exigiam a presença da imprensa, de suas famílias e de advogados para que os reféns fossem liberados.

Procurado para responder sobre medidas relativas às transmissões ao vivo de crimes, o Instagram afirmou, em nota, manter-se atento às movimentações on-line. “Removemos conteúdo, desabilitamos contas e colaboramos com as autoridades quando notamos um risco real de lesões corporais ou ameaças diretas à segurança pública. Para combater esse tipo de conteúdo, as nossas equipes de segurança usam uma combinação de denúncias da comunidade, tecnologia e revisão humana", declarou a plataforma.

 

Informações do Correio* / Foto: Reprodução

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