Projeto de Suíca troca nome de praça em Salvador para Maria Felipa em homenagem à heroína do 2 de Julho
A praça Visconde de Cairu, localizada no bairro do Comércio, em Salvador, deve passar a se chamar Maria Felipa, em homenagem à heroína negra na Independência do Brasil na Bahia. O projeto de lei é do vereador petista Luiz Carlos Suíca, que comentou a peça nesta quarta-feira (9) como mais uma ação do seu mandato para diminuir o número de logradouros com nome de pessoas que apoiaram direta ou indiretamente a escravidão no Brasil. “É bom evidenciar que manifestações retóricas e discursivas de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, são contraditórias. Aderiu à monarquia após a Revolução do Porto, colocando-se a serviço no Parlamento. Ele imputava ao sistema colonial o enfraquecimento da indústria e a manutenção da escravidão, que comprometiam a civilização e o progresso”, sintetiza Suíca.
Em sua justificativa, o edil soteropolitano defende o porquê da moradora da Vila de Itaparica, Maria Felipa de Oliveira, ser homenageada. “Vamos trocar o nome de um escravocrata pelo de uma escrava liberta, descendente de sudaneses, marisqueira, capoeirista acostumada a andar de chinelos, saia rodada, bata, torso e turbante, vestimentas estampadas com adinkras, símbolos que representam aforismos africanos, e imagens como a sankofa - a ave africana que olha para trás para aprender com o passado antes de enfrentar o futuro. Maria Felipa ganhou monumento ao lado do Mercado Modelo, em Salvador, no qual olha para Itaparica, onde viveu e vigiou os portugueses, mas ela merece ainda mais”, declara Suíca, que também é historiador.
O petista completa dizendo que não restam dúvidas sobre a importância do trabalho de Maria Felipa e a dedicação a ser simbolizada para adoção de seu nome à praça com tanta importância e simbolismo teve em sua vida. “A história dela não ganhou os documentos oficiais e ela vive na tradição oral. Inclusive tem um fato curioso que foi a surra de cansanção que ela deu nos portugueses e os fez se arderem de coceira. Meses após a aclamação de Dom Pedro como imperador, a capital baiana continuava sendo território de disputa entre Brasil e Portugal. A ilha de Itaparica transformou-se num ponto central dos ataques portugueses, que resistiam à independência da colônia. Maria Felipa virou símbolo da independência da Bahia e do Brasil, falecendo 50 anos após o fim do domínio português”.
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