Preço do kg do tomate chega a custar R$ 14,99 em Salvador
Figurinha carimbada de tradicionais pratos da culinária baiana, o tomate registrou 16,38% de inflação acumulada na Região Metropolitana de Salvador, neste ano, com o preço do kg que pode chegar até R$ 14,99 em mercados da capital. O reajuste afeta o bolso do consumidor final e os negócios de produtores rurais e atacadistas.
A alta foi registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O produtor Sérgio de Carvalho, conhecido como Serginho do Tomate, afirma que a mudança de preço é resultado do aumento dos custos de produção por causa da alta incidência de praga da traça do tomateiro, o que leva a uma menor área plantada e a redução da oferta do produto.
Há 18 anos fornecendo o fruto produzido em Irecê, no interior baiano, para as regiões Norte e Nordeste, Sérgio conta que a situação não está restrita à Bahia, mas é algo que afeta todo o Brasil. O clima quente e seco potencializa a incidência da traça do tomateiro, responsável por causar danos expressivos nas plantações de tomate – desde às folhas aos frutos.
Os impactos são refletidos no meio do ano, mas os problemas ocorrem entre os meses de dezembro a março, quando o verão e o início das chuvas prejudicam a plantação. Apesar dos cuidados, não há outra forma de diminuir os prejuízos que não seja o aumento do produto, explica Sérgio. "Mesmo com o aumento de uso de defensivos, não existe controle eficaz. Temos que contar com o aumento dos preços pra minimizar os prejuízos."
Um dos aspectos determinantes para o aumento do preço tomate no estado é a dinâmica da oferta e procura, de acordo com atacadista João Batista. Após o mês de março, a oferta foi reduzida, mas a procura continua elevada. Com isso, o produto vendido nas Centrais de Abastecimentos da Bahia é, em grande parte, adquirido dos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
"Com o preço muito abaixo da média e custo de produção muito alto, os produtos do estado ficaram desestimulados a respeito dos novos plantios. Hoje, 80 a 90% do tomate que entra na Bahia vem de outros estados", diz João, que, atualmente, revende a caixa de tomates, com 30 kg, por R$ 60, o representa uma redução de aproximadamente R$ 80 em comparação ao mesmo período em 2022.
O quilo do tomate na cotação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) é de R$ 7,50. Em pesquisa realizada pelo CORREIO, o produto varia entre R$ 8 e R$ 13,50 em Salvador.
Mercantil: R$ 8
G Barbosa: R$ 8,50
Bompreço: R$ 8,50
Bug by Carrefour: R$ 9
Todo Dia: R$ 10
Carrefour: R$ 13
Mercado da Dalva (Brotas): R$ 13,50
Hiperideal: R$ 14,99
"Os números da produção reportados recentemente estão baixos, daí a oferta diminuiu, e os preços sobem. Isso acontece em razão, principalmente. do fim da safra de verão e início, ainda lento, da safra de inverno nas regiões produtoras, desacelerando a oferta do produto, o que contribui para o encarecimento", explica Kátia Lima, da Coordenação de Política Agrícola da Seagri.
Supervisor de estatística, pesquisas e controle de qualidade do Ceasa de Juazeiro, Carlonito Dias, afirma que os produtores de tomates apontam a redução da produção em decorrência às fortes chuvas nas regiões produtoras como um dos fatores que mais influenciaram o aumento.
A alta também preocupa profissionais do ramo alimentício. É o caso de Janete Sarquis, 56 anos, dona de uma barraca de lanches e almoço na Universidade Federal da Bahia (Ufba), no Campus Ondina. Para minimizar os impactos no negócio, a empreendedora, que também trabalha com encomendas de salgados e refeições congeladas, mudou o cardápio, com o objetivo de utilizar menos tomates.
Se antes Janete possuía um cardápio com três dias específicos para lasanha, com o aumento do quilo do fruto, ela reduziu a oferta para um único dia da semana, somente com uma opção de sabor. Além disso, a cozinheira costuma substituir os salgados que levam molho por opções que reduzam o consumo de tomate. Apesar da estratégia, ela registrou uma redução de 40% nas vendas.
A também cozinheira e empreendedora Marilene Teles, 62 anos, não sofre muito o impacto porque não utiliza o tomate em maiores proporções na produção de salgados, mas relata ter trocado o fruto por folhas na montagem de saladas para refeições da própria casa. "Coloquei três tomates na balança, deu R$ 7,50. Percebi que, de uma certa forma, não vale à pena comprar."
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística confirmam uma inflação de 16,38% do tomate na Região Metropolitana, valor que sofreu um aumento em relação ao número do mesmo período em 2022, quando a inflação do produto era de 14,69%. Por outro lado, a partir de maio deste ano, o salário mínimo nominal atingiu o valor de R$ 1.320,00, enquanto o mínimo necessário para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas deveria ser R$ 6.652,09, segundo levantamento do Pesquisa nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Alternativas
A regra para Selma Magnavita é clara: se o produto está caro nas prateleiras, o melhor a se fazer é substituir e esperar o valor abaixar. A presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia indica que os baianos optem pelos molhos e extratos de tomate nas receitas ou usem a técnica de deixar a cebola e alho grudarem no fundo da panela, diminuindo a necessidade de colocar o tomate no preparo.
"Dá para trocar o tomate natural pelo extrato ou diminuir a quantidade na receita. Assim, a demanda sente a diminuição da compra e o preço tende a voltar ao normal", explica Selma Magnavita. Outra forma de economizar, é aproveitar quando o produto está mais barato e comprar uma quantidade maior do que o habitual. Em momentos como esse, o que vale é a criatividade.
Uma alternativa é cozinhar os tomates, temperar e bater no liquidificador. Com o molho caseiro pronto, basta colocar em formas de gelo e congelar. Quando o almoço for macarrão, por exemplo, é só descongelar o molho e ele está pronto para o uso. Outra dica é assar os tomates até que eles desidratem, no forno ou na airfryer, e conservá-los no azeite. Os tomates secos em conserva chegam a durar um mês na geladeira e são úteis quando o preço do item for às alturas.
Informações do Correio* / Foto: Pixabay
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