Médico, auditor, defensor do Sistema Único de Saúde (SUS) e da igualdade social, o diretor da Central Médica Penitenciária (CMP) da Secretaria de de Administração Penitenciária do Estado (SEAP), Tiago Fialho, tem ajudado o Governo a evoluir na qualidade e assistência da saúde do sistema prisional baiano.

Apesar de levantar a bandeira do SUS, Fialho entende que o Sistema ainda está longe de estar na qualidade que ele e a legislação preveem. Para o diretor, que se formou em Medicina em plena pandemia da Covid-19, o programa é “inspirador”, mas a prática, a exemplo das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou dos Postos de Saúde da Família (PSF’s), ainda estão longe dos seus respectivos funcionamentos ideais e das previsibilidades teóricas.

“O SUS é um projeto lindo e deve ser aplicado na sua integralidade e universidade. Vamos buscar identificar o que está havendo, porque ele não é aplicado 100%. A minha defesa e sonho é para que ele seja aplicado na prática bem como se respeite o princípio da isonomia. Eu me formei bem na época da pandemia, quando iniciou a Covid-19 em Salvador. Então, os meus mestres e professores me convidaram para trabalhar nas principais unidades de terapia intensiva (UTI’s) da cidade. A partir deste momento, pude perceber o quanto o SUS estava sendo importante. Se não fosse o Sistema, acredito que teria estendido muito mais o sofrimento de tantas pessoas”, disse Tiago.

Sobre a sua atuação na Central Médica Penitenciária, onde assumiu o cargo de diretor há um ano, Tiago Fialho afirmou que tem contribuído, em conjunto com a equipe da SEAP, para melhorar a saúde dentro das penitenciárias do estado. Ele também elogiou o governador Jerônimo Rodrigues pela atuação na segurança pública, bem como em questões sociais do estado.

“O governador Jerônimo Rodrigues tem sido essencial nesta caminhada. Ele tem um cuidado especial com o setor. Inclusive, reinaugurou o Escritório Social da Bahia (ESBA), órgão impulsionando pelo CNJ, cujo objetivo é contribuir efetivamente para a ressocialização daqueles que cumpriram suas penas e agora precisam reconstruir suas vidas, e vem atuando para que tenhamos mais evoluções não somente na saúde e segurança pública, mas também em todos os setores primordiais para os baianos. Foi através de uma portaria, a 252, publicada no DOE, no dia 24 de setembro do ano de 2022, que fui designado como instância máxima médica em todo o sistema prisional. Hoje nós temos 30 unidades prisionais em todo o estado da Bahia, e através de várias iniciativas, tivemos alguns reconhecidos projetos exitosos, a começar pelo Plano de Contingência contra a enfermidade Varíola dos Macacos (MQX) que construímos e pactuamos juntamente com a SESAB. Todo o plano foi idealizado, aplicado e monitorado de maneira excepcional. Semanalmente era divulgado – através de boletins epidemiológicos todos os casos ditos possíveis, prováveis, descartados e confirmados. No que tange aos confirmados, não tivemos nenhum, isto porque foi um plano seguido à risca em cada detalhe. Todos os protocolos foram devidamente respeitados. Inclusive, o Governo do Estado replicou o programa, com algumas adequações”, relatou.

Além do êxito no combate à Varíola dos Macacos, Fialho salientou outras importantes atuações suas e de sua equipe no último ano: “Criamos a Comissão Médica Permanente e Avaliação de Relatórios Médicos (CPARM) que hoje é objeto de elogio por diversos órgãos da esfera pública estadual e federal. Hoje, todo e qualquer médico em uma unidade do Estado tem que passar por nossa Comissão, onde tem alguns membros especialistas, profissionais sérios, que avaliam em conjunto, discutem cada caso e veem se realmente temos ou não a condição de manter a saúde do interno em nossa respectiva unidade. Conseguimos, sempre em conjunto, criar e aprovar pela primeira vez, o Plano de Saúde Prisional em todo Estado – que contou com a atualização de todos principais fluxogramas de saúde, baseados nas mais recentes e relevantes publicações científicas. Contamos, ainda, com o Centro de Especialidades Médicas (CEM), localizado no complexo penitenciário da Mata Escura, em Salvador, onde possibilitamos pela primeira vez o acesso a especialidades importantes tais como oncologia clínica, cirurgia geral, cirurgia oncológica, cirurgia vascular, ortopedia especialista em joelho, ortopedia especialista em dor, ultrassonografia e urologia. Temos ainda a Comissão de Ética Médica e a Comissão de Apuração de Óbitos. Além de mantermos processos de auditorias internas e externas nas unidades de gestão plena. Acredito que nesse último ano construímos grandes avanços. Desafios a gente sempre tem, no entanto, acredito que o meu maior desafio é manter todas ações em pleno funcionamento, buscando melhorias, sobretudo no que tange a estrutura física e investimentos para aquisições de equipamentos indispensáveis para a boa assistência médica”, completou.

Apesar de ter forte atuação no social e ter resultados como Diretor da Central Médica Penitenciária do Estado, Tiago Fialho não cogita ser candidato a qualquer cargo político neste momento. Ele acredita que o seu desempenho e trabalho para aqueles que mais precisam é confundido com possíveis interesses partidários no futuro.

“As pessoas, às vezes, confundem política com trabalho voltado para o lado social, que eu sempre tive. Isso não é de hoje. Essa preocupação pelo próximo, com o lado pessoal, é algo que carrego comigo desde a infância. Essa conexão, principalmente no bairro onde nasci, que foi o Cabula, no Saboeiro. Na rua onde eu morava, a qual era uma rua relativamente muito pobre, eu sempre mantive ligações sociais muito fortes. Hoje, atuo como médico voluntário ligado a um instituto, a ONG Diamantes, que desenvolve sérios trabalhos. Eu sou médico voluntário da ONG e chamo os meus amigos especialistas para irmos às comunidades oferecer os nossos serviços. A gente faz um trabalho sério, buscando resolver todos os problemas. O trabalho é realizado com qualidade. Com isso, acaba gerando repercussão, e as pessoas acabam entendendo como eventual ato político. Mas é um trabalho 100% voluntário. Sendo mais direto, não pretendo ser candidato a vereador, não tenho nenhuma pretensão política e tampouco de cargo político. Vou continuar meu trabalho voluntário e seguindo os ditames da minha profissão, a Medicina, que eu tanto amo e respeito. Tem uma frase de Carl Jung, fundador da psicologia analítica, que me acompanha ao longo de toda minha vida: ‘conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar numa alma humana, seja apenas outra alma humana’”, frisou.

Além de ser Diretor Médico Geral na SEAP, Tiago também tem em seu currículo experiências relevantes tais como médico intensivista, no Hospital Itaigara Memorial e no Instituto de Nefrologia da Bahia (Hospital Alayde Costa); Plantonista da UTI no Hospital Espanhol; Médico Intensivista Diarista no Hospital Geral de Alagoinhas; Médico Intervencionista no Samu Salvador, além de ter sido Auditor Sênior em uma das maiores organizações de auditorias e consultorias de todo o mundo, a Deloitte Touche Tohmatsu Limited (DTTL), em São Paulo, Brasil.