22 de Novembro de 2024

“A pandemia deixou consequências muito ruins para o sistema de transporte em todo o Brasil”, diz Fabrizzio Muller

A Prefeitura de Salvador encara a mobilidade urbana como um dos principais focos e desafios de trabalho até o final da sua gestão, é o que afirmou o secretário de Mobilidade Urbana de Salvador (Semob), Fabrizzio Muller, durante entrevista nesta terça-feira (17) ao apresentador do programa Microfone Aberto, da Rádio Massa FM, André Spínola.

“A mobilidade é um dos grandes desafios de qualquer prefeitura, principalmente das capitais do país, a mobilidade é algo que afeta o dia a dia das pessoas, afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas, hoje na mobilidade a gente opera também diretamente na questão do transporte público, esse é um dos problemas que a gente vem enfrentando em todo país. A pandemia deixou consequências muito ruins para o sistema de transporte em todo o Brasil”, afirmou o gestor.

Segundo o secretário, a Semob já participa de algumas mesas de discussões a nível nacional sobre o tema do custo da mobilidade urbana e é unanimidade entre os gestores do país que a pandemia influenciou diretamente nessa questão. “A gente vem participando de discussões nacionais sobre esse tema que é o custeio da operação do transporte público. Antes da pandemia eu diria que 99% das capitais do país não tinham nenhum tipo de subsidio, então quem remunerava o sistema de transporte era a própria tarifa paga pelo usuário”, disse Muller.

“A gente vê que isso é uma discussão que se entende e que a tarifa hoje não é suficiente para termos um sistema de qualidade. Há um entendimento que é necessário o apoio do poder público e nesse caso precisa haver uma participação de todos os entes nessa política de transporte”, completou.

Sobre as reclamações dos empresários do setor de transporte de que as empresas estariam tomando prejuízos, Fabrizzio lembrou que na região Metropolitana, em 2022, três empresas deixaram de operar, o que evidenciou a crise em que o sistema passa. “Em Salvador nós tivemos a saída de uma concessionária, nós revertemos isso na redistribuição das linhas para duas concessionárias, mas você tem exemplo no Brasil todo”, avalia.

Ainda, segundo o secretário, a situação ficou muito difícil nos últimos três anos em razão da pandemia. “O custo que é produzido você vai dividir pelo número de passageiros pagantes e isso hoje entende-se que não remunera mais. Primeiro porque houve uma queda muito grande no número de passageiros transportados, isso é um fenômeno que acontece já há alguns anos. Isso é um fenômeno já mapeado, já entendido por todos, pois você tem outras formas de deslocamento, você tem mudanças na lógica de trabalho, o home Office, os aplicativos [que chegaram] em 2015 e 2016... O número de passageiros transportados hoje  não é mais suficiente para remunerar o sistema. Eu teria que ter uma tarifa muito maior para custear o sistema. Se a pandemia trouxe algo de bom foi isso, na necessidade de avançarmos com essas discussões para que a gente busque uma forma sustentável de investir no transporte”, disse.

O titular da Semob também avalia que Salvador, assim como outras regiões, sofreu ao longo desses três anos, mas foi buscando maneiras em contratos e jurídicas de não ter paralisação do sistema. “Em 2021 Salvador foi a única cidade que conseguiu renovar 10% da frota. De 1700 ônibus nós trouxemos 169 ônibus no ar condicionado. Esse ano já estão chegando novos ônibus que eram para o final de 2022.

Durante o programa Microfone Aberto, o secretário também fez questão de lembrar que o prefeito Bruno Reis tem sido uma das principais lideranças do país na discussão do transporte público. “O prefeito bruno Reis é sempre escalado pela Frente Nacional dos Prefeitos, pois se tornou um grande especialista nessa área. A gente tem sempre buscado formas de trazer para nossa população um transporte de qualidade”.

Questionado por Spínola como a pasta tem cobatido o transporte clandestino o gestor afirmou que existem operações diárias no intuito de combater essa modalidade de transporte, mas esbarra na falta de apoio de órgãos do governo. “Nós temos uma operação diária, de manhã de tarde e de noite de enfrentamento ao transporte clandestino. É uma operação da Semob que muitas vezes está sozinha, não tem o apoio de outros órgãos governamentais que muitas vezes deveria ter. Existem cooperativas que detém autorizações judiciais que autorizam esses veículos a circularem o que dificulta ainda mais a fiscalização por parte do poder público. Não é algo que a gente tenha deixado de fazer, muito pelo contrário, a gente tem cada vez mais reforçado essas operações”, explicou.

Ao final da entrevista, Fabrizzio Muller que existem objetivos em pauta para que a secretária conclua até o final do ano e entre eles está a conclusão de todo trecho do BRT. “O BRT é um sistema de transporte importantíssimo para a cidade, ele vai atender uma grande parte da população que não tem acesso ao metrô, mas que vai ter a possibilidade da integração com o metrô de forma rápida e segura. Até o final desse ano esse é o grande desafio, concluir a obra e disponibilizar a frota necessária para operar o BRT de forma completa”, disse, completando que “o outro desafio é o sistema de transporte convencional. É a gente realmente avançar nessas discussões de remuneração para conseguir dar a mesma qualidade que a gente tem dado ao BRT no sistema convencional”.


Foto: Jefferson Peixoto/Secom/PMS

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