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“Joga fora”: Nome de Lulinha aparece em documentos da PF na investigação sobre fraudes no INSS

“Joga fora”: Nome de Lulinha aparece em documentos da PF na investigação sobre fraudes no INSS

Por Redação

21/12/2025 às 11:00

Imagem de “Joga fora”: Nome de Lulinha aparece em documentos da PF na investigação sobre fraudes no INSS

Foto: Divulgação

O nome de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou formalmente no radar das investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sem Desconto. A operação, que apura um sofisticado esquema de descontos associativos fraudulentos diretamente nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS, revelou conexões diretas entre o círculo íntimo de Lulinha e os principais operadores das fraudes.

Documentos obtidos pelo portal Poder360 e citações em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) detalham anotações em agendas, diálogos interceptados e movimentações financeiras suspeitas que colocam o filho do presidente no centro de uma controvérsia política e jurídica.

O Envelope no Camarote 309 e a Agenda Apreendida

A primeira menção direta surgiu durante a fase inicial da operação, realizada em abril de 2025. Ao cumprirem mandados de busca e apreensão, agentes da PF encontraram um envelope contendo ingressos para o camarote 309 de um show em Brasília e referências a um flat no condomínio de luxo Brisas do Lago, na capital federal.

Dentro do envelope, uma anotação manuscrita em uma agenda chamou a atenção dos investigadores por sua clareza:

“Mínimas informações possíveis. CPF – Fábio (filho Lula). Terça a quinta-feira. 03 a 05/12. Contato Paulo Marinheiro – ok Gaspar passa contato – ok Cristina – ok”.

Abaixo da mensagem, a instrução era direta: “Pegar com Antônio”. Segundo a PF, o “Antônio” em questão é Antônio Carlos Camilo Antunes, amplamente conhecido no submundo de Brasília como o “Careca do INSS”, apontado como o articulador mestre do esquema que lesou milhares de beneficiários da Previdência Social.

“Joga Fora”: As Mensagens de Roberta Luchsinger

A nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18), trouxe à tona diálogos interceptados entre o “Careca do INSS” e a empresária e lobista Roberta Luchsinger, descrita como amiga próxima de Lulinha. As conversas, obtidas via WhatsApp, sugerem uma tentativa de obstrução de justiça logo após a primeira fase da operação.

Ao saber que a PF havia apreendido documentos, Roberta escreveu a Antônio Carlos demonstrando preocupação:

“E só para você saber, acharam um envelope com nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão”.

A resposta do “Careca” foi curta: “Putz”. Na sequência, a empresária teria aconselhado o interlocutor a destruir evidências: “Joga fora”, ao que ele prontamente respondeu: “Já fiz isso”. Roberta encerrou a interação reafirmando apoio ao grupo: “Conte com a gente”.

A Polícia Federal sustenta que Roberta Luchsinger atua como o principal elo entre o “Careca do INSS” e Fábio Luís. Relatórios de inteligência mostram que os dois discutiam abertamente formas de “esquentar o dinheiro” proveniente das taxas cobradas ilegalmente de aposentados. Além disso, registros de viagens indicam que Roberta e Lulinha emitiram passagens aéreas em conjunto em diversas ocasiões.


O Repasse de R$ 1,5 Milhão e o “Filho do Rapaz”

Um dos pontos mais sensíveis da investigação reside nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os dados indicam que Roberta recebeu R$ 1,5 milhão de Antônio Carlos, fracionados em cinco pagamentos de R$ 300 mil.

Na decisão do STF que autorizou as diligências, há uma menção de que esses valores teriam como destino final o “filho do rapaz”, expressão que os investigadores interpretam como um codinome para Fábio Luís. A relação financeira entre a empresária e o operador do esquema teria se intensificado no final de 2024, coincidindo com o período em que as fraudes no INSS atingiram volumes recordes de arrecadação.


O Que Dizem as Defesas

A defesa de Roberta Luchsinger nega qualquer irregularidade. O advogado Bruno Salles afirmou que as mensagens estão “completamente descontextualizadas” e que a relação de sua cliente com a família de Lulinha é estritamente pessoal e de longa data.

“(Roberta) jamais teve qualquer relação com descontos do INSS”, declarou Salles. Segundo ele, as conversas com o “Careca” tratavam apenas de projetos embrionários no setor de canabidiol que “não chegaram a prosperar”.

Já a defesa de Fábio Luís, representada informalmente pelo advogado e amigo Marco Aurélio de Carvalho, argumenta que o filho do presidente não é alvo formal e, por isso, não contratou advogados para o caso. Carvalho classificou as menções como “vilanias” e fofocas:

“As citações são fofocas, vilanias e tentativas de mais uma vez envolver o nome do filho do presidente em escândalos”.

Ele ainda comparou o episódio a boatos do passado, como a lenda da “Ferrari de ouro”, afirmando que as mensagens interceptadas são, na verdade, “absolutórias”, pois provariam que terceiros tentam usar o nome de Fábio sem o seu consentimento.

Divisão Interna na PF e a Reação de Lula

O envolvimento do nome de Lulinha criou uma cisão dentro da Polícia Federal. Fontes internas indicam que um grupo de delegados defende o aprofundamento imediato das investigações para esclarecer o destino do R$ 1,5 milhão. Por outro lado, uma ala considerada mais próxima ao governo entende que os indícios — embora suspeitos — ainda são “frágeis” e baseados em conversas de terceiros, sem prova cabal de que Fábio Luís tenha operado o esquema.

Até o momento, o entendimento oficial que prevalece na corporação é que Lulinha não está “diretamente envolvido nas condutas relativas aos descontos associativos fraudulentos”, embora sua proximidade com os operadores continue sob escrutínio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ser questionado sobre as citações ao seu filho primogênito, adotou um tom de distanciamento republicano, mas prometeu rigor.

“Ninguém ficará livre das apurações. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado. Ninguém ficará acima da lei”, declarou o presidente.

Contexto: A Operação Sem Desconto

A investigação mira associações que, mediante convênios com o INSS, aplicam descontos indevidos em benefícios previdenciários sem a autorização dos segurados. O esquema utilizava empresas de fachada para ocultar o lucro e, segundo a PF, contava com a conivência de agentes públicos para garantir a manutenção dos contratos de consultoria que, na prática, não prestavam serviço algum.

O desfecho da investigação depende agora da análise de novos materiais apreendidos na quinta-feira e do depoimento de Roberta Luchsinger, que permanece como a peça-chave para explicar se o “nosso amigo” citado nas mensagens é, de fato, o beneficiário oculto de um dos maiores esquemas contra a Previdência Social dos últimos anos.

 

Informações da Gazeta Brasil

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