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Bastidores de 'ameaça de desistência' de Neto revelam reuniões tensas, cobranças, 'jogo combinado' e notas plantadas
Bastidores de 'ameaça de desistência' de Neto revelam reuniões tensas, cobranças, 'jogo combinado' e notas plantadas
Por Redação
17/10/2025 às 11:00

Foto: Betto Jr. / Divulgação
O vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, esteve, de fato, muito próximo de declinar da pré-candidatura ao Governo da Bahia em 2026, segundo aliados ouvidos pelo Blog do Vila. A informação sobre uma possível desistência chegou a circular na imprensa, mas foi tratada por pessoas próximas a ele como "fake news" fomentada pelo Palácio de Ondina.
A coluna ouviu dezenas de parlamentares ligados ao líder oposicionista, que relataram versões convergentes e divergentes de um mesmo cenário: o de insatisfação de Neto com a falta de empenho de parte da sua base política — e, principalmente, com a ausência de posicionamentos mais duros contra o governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Fontes afirmam que o ex-prefeito realizou, nos últimos dias, uma série de reuniões tensas com aliados para cobrar engajamento total na pré-campanha. "Só tem uma coisa que faria ele declinar: a base dele não dar o devido suporte e respaldo. Ele tem deixado claro que, se não tiver total apoio e envolvimento, pode não ir para disputa", disse uma fonte próxima.
Nos bastidores, as reclamações se concentram nos deputados estaduais e federais, mais do que nos prefeitos. "Na Assembleia, por exemplo, ele só está satisfeito com Sandro Régis. Neto está jogando muito pesado com a base. Ele acha que é a única voz que se posiciona contra o governo, porque os deputados ficam nessa de que têm prefeitos com o governo e precisam se reeleger", revelou outro interlocutor.
Reações da oposição
As cobranças de Neto provocaram incômodo nas bancadas oposicionistas da Alba e da Câmara dos Deputados. Em conversas reservadas, alguns admitiram "chateação".
"Como é que a oposição não está cobrando? A gente vive batendo nos indicadores do governo, criando dor, isso dito pelo outro lado", reagiu um deputado estadual. "Ele é um cara muito vaidoso. Enquanto não tiver alguém jeitoso para intermediar a relação, não vai dar jeito", completou um parlamentar.
Um congressista atribui o problema à falta de comunicação: "Neto faz vídeos que não 'come' ninguém. Não tem ninguém lá enchendo o saco dele, mas ele também não está cobrando ninguém. Pode perguntar a qualquer um: é zero sobre orientação de posicionamento".
Reunião 'tensa' entre Neto e Bruno
Um dos episódios mais comentados nos bastidores foi o encontro entre Neto e o prefeito Bruno Reis, no último dia 29 de setembro, a portas fechadas, na sede do União Brasil. A reunião durou mais de quatro horas e, segundo relatos, foi "tensa", com cobranças diretas para que Bruno assuma papel mais ativo na pré-campanha.
"Bruno tem que assumir o papel de coordenador de campanha logo", exigiu um legislador. "O comentário é de que os vereadores mais próximos já estão querendo que a campanha vá às ruas e o prefeito está segurando o máximo que pode. Bruno está preocupado em fazer gestão, mas o clima de campanha está muito antecipado", rebateu um colega.
Outros aliados, porém, relativizam a tensão e enxergam "jogo combinado", a fim de dividir as cobranças da base. "Esse tipo de discussão entre eles é extremamente natural, desde que Bruno era vice-prefeito. Historicamente, eles sempre tiveram uma relação assim, de falar muito diretamente. A relação pessoal que eles têm permite falar dessa forma, mas do ponto de vista político estou para ver uma relação tão harmoniosa", ponderou um deputado. Outro defendeu a autonomia do prefeito: "As poucas vezes que precisei de Neto, vi que ele não passa por cima de Bruno. Ou ele é muito respeitador ou Bruno estabelece o limite".
Especulações também citam discussões sobre a demissão de um pré-candidato à Assembleia do quadro funcional do Município e até repercussões da Operação Overclean dentro do partido. "No mesmo dia, em momentos diferentes, Elmar [Nascimento, deputado federal] e um grande empresário estiveram no gabinete", apontou um parlamentar.
‘Fogo amigo’ e notas plantadas
Entre os aliados, há consenso de que a notícia da suposta desistência partiu de "fogo amigo". Deputados apontaram como "responsáveis" dois parlamentares estaduais e um federal acusados de plantar a informação para provocar reação na base.
"Isso foi ideia dele para dar susto nos deputados", ironizou um interlocutor. "Coisa típica do deputado. Ele é terrível em plantar nota. Fica impregnando fofoca", apontou outro. "Ele faz isso não é por mal. Muito por impulso, para ver se a bancada reage e passar a atuar com mais força", cogitou um congressista.
Os nomes dos "suspeitos" não serão citados pela coluna. Apesar das versões, todos garantem que a origem não foi o grupo de Jerônimo.
Tarcísio, gás novo e o impasse superado
O ambiente, dizem os apoiadores do ex-prefeito, mudou significativamente com a comunicação interna de que a pré-candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência da República está confirmada.
"Isso tudo já foi contornado. Neto é candidatíssimo e a turma agora está com o gás renovado com Tarcísio", assegurou um amigo pessoal da família Magalhães.
De todo modo, mesmo que o gestor paulista decline até janeiro, quando está previsto o anúncio do seu nome, o entendimento é de que ACM Neto não voltará atrás.
"Neto não tem outro caminho. Mesmo sem Tarcísio, ele tem que ir. Qualquer coisa que não seja Bolsonaro, ele continua forte. Tem que ser candidato de qualquer jeito e a qualquer custo", disse um deputado. "Não tem outro cenário para ele. Tem que ir nem que seja para marcar o espaço dele. Vai fazer o quê? Indicar João Roma candidato para ele liderar a oposição? Digamos que Roma tenha 30% dos votos, mesmo assim vai se alavancar como líder. Qual seria o outro nome igual a José Ronaldo em 2018? Sem chance. Neto não é burro", provocou um parlamentar.
O termômetro de "melhora no recinto" foi a divulgação da notícia de que Tarcísio topou o desafio de enfrentar Lula em 2026 pelo Blog do Vila, nesta quarta-feira (15), em que 100% dos aliados do ex-prefeito comemoraram a informação. O alívio foi resumido por um vereador após a publicação: "Game over para Lula e Jerônimo".
Informações do Blog do Vila

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