

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira (22) que mulheres grávidas parem de tomar Tylenol, afirmando que estudos apontam uma associação entre o uso do analgésico comum e o autismo em crianças.
“Com Tylenol, não tome! Não tome”, disse Trump a repórteres na Sala Roosevelt da Casa Branca, durante uma coletiva em que compartilhou sua opinião sobre gravidez, saúde da mulher, vacinas, segurança de medicamentos e autismo.
O presidente acrescentou: “Idealmente, você não toma nada, mas se precisar, se não conseguir aguentar, se houver um problema, você vai acabar tomando”.
Trump afirmou que o único momento em que gestantes deveriam usar Tylenol, uma forma comum de paracetamol, seria em casos de febre de alto risco.
A recomendação vai contra a opinião de grupos médicos, que consideram o medicamento seguro. Mais de 50% das mulheres relatam usar Tylenol durante a gravidez, por ser tradicionalmente considerado o analgésico mais seguro.
No entanto, a administração Trump aponta para um corpo crescente de pesquisas que sugerem uma ligação entre autismo infantil e o uso de paracetamol durante a gestação. Um estudo conjunto do Mount Sinai e da Universidade de Harvard, publicado em agosto, revisou a literatura existente e concluiu que a maioria das pesquisas encontrou maior probabilidade de diagnóstico de autismo em filhos de mães que tomaram paracetamol.
O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., também recomenda que crianças que apresentem sinais de autismo recebam leucovorina, que ajuda a corrigir deficiências de folato. Estudos indicam que baixos níveis de folato em gestantes estão associados a distúrbios neurológicos em crianças.
Embora não seja uma cura, o HHS afirmou que o medicamento pode levar a melhorias na fala de crianças com autismo. A FDA atualizará o rótulo do paracetamol para alertar sobre riscos na gravidez e enviará uma carta a todos os médicos com o aviso.
“Os médicos serão notificados contra o uso de paracetamol, efetivo imediatamente”, disse Trump, destacando que crianças também não devem receber o medicamento.
A fabricante do Tylenol, Kenvue, contestou o anúncio do presidente.
“Os fatos mostram que, após mais de uma década de pesquisa rigorosa, endossada por profissionais médicos e reguladores globais de saúde, não há evidências confiáveis que liguem o paracetamol ao autismo”, afirmou um porta-voz da Kenvue. “Continuaremos a explorar todas as opções para proteger a saúde de mulheres e crianças nos Estados Unidos.”
Trump também destacou que pediu ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) investigar as causas do autismo no país, que ele chamou de “um dos desenvolvimentos de saúde pública mais alarmantes da história”.
As taxas de autismo nos EUA aumentaram 400% desde 2000, afetando hoje 1 em cada 31 crianças. A Casa Branca citou estudos que mostram “associações consistentes entre paracetamol na gravidez e autismo”, como a pesquisa Boston Birth Cohort, de Johns Hopkins. Outro estudo, Nurses Health Study, envolvendo Yale, Columbia e Harvard, analisou 9.000 crianças e também encontrou associação entre paracetamol e distúrbios do neurodesenvolvimento.
Nesta segunda-feira, o National Institutes of Health (NIH) anunciou o lançamento da Autism Data Science Initiative, um projeto de US$ 50 milhões que reunirá 13 projetos para analisar dados sobre autismo, incluindo possíveis causas como dieta, poluição do ar e estresse psicológico.
“Nossa Autism Data Science Initiative vai unir conjuntos de dados poderosos de maneiras nunca antes possíveis”, disse o diretor do NIH, Dr. Jay Bhattacharya. “Ao combinar genética, biologia e exposições ambientais, abrimos a porta para descobertas que aprofundarão nosso entendimento sobre o autismo e melhorarão vidas.”
O HHS também destacou que ainda não há relação de causa e efeito comprovada.
“É importante notar que, embora uma associação entre paracetamol e condições neurológicas tenha sido descrita em muitos estudos, uma relação causal não foi estabelecida e existem estudos contrários na literatura científica”, disse o HHS.
Trump ainda incentivou os pais a espaçar o período em que a criança recebe todas as vacinas do calendário federal, lembrando que não é médico, mas “está dando sua opinião”.
“Você tem uma criança pequena, frágil, e recebe um monte de 80 vacinas diferentes, acho que 80 combinações, e eles aplicam tudo de uma vez. Então, idealmente, uma mulher não tomaria Tylenol, e nas vacinas, em vez de uma visita onde aplicam tudo de uma vez, seria bom fazer em quatro ou cinco visitas”, disse o presidente.
Ele afirmou que a vacina contra hepatite B não deve ser aplicada antes dos 12 anos e que as vacinas devem ser “espalhadas” ao longo de várias visitas. Trump também citou a população Amish, com taxas mais baixas de autismo e doenças crônicas, sugerindo que isso poderia estar ligado ao menor uso de vacinas e analgésicos.
Informações da Gazeta Brasil

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