Em defesa da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) denunciou a atuação de milicianos nos hospitais sob gestão federal no Rio de Janeiro. A fala do parlamentar ocorreu na manhã desta quarta-feira (20), na Comissão de Saúde da Câmara.

Desde que assumiu o cargo, Trindade tem sofrido diversos ataques para ser demovida do comando do ministério, que tem sido alvo do chamado “centrão”, justamente por ser esta a pasta detentora do maior orçamento federal, com estimados R$ 218 bilhões em caixa.

A situação se agravou depois que o ministério anunciou uma portaria para centralizar compras e contratos, o que desagradou grupos políticos locais que, há décadas, brigam para controlar as unidades de saúde federais, além de serem alvos de investigações por corrupção.

Solla lembrou que, durante a passagem dele como secretário de Atenção à Saúde, no primeiro governo Lula, em 2003, já era forte a presença do crime organizado nos hospitais federais do Rio, o que, segundo apontou, teria se agravado na gestão do ex-presidente Bolsonaro.

“Já naquela época, há vinte anos, tivemos que adotar medida semelhante (centralizar compras e contratos). A primeira diretora administrativa de um dos hospitais pediu exoneração por telefone, depois de ameaçada por homens armados no semáforo”, lembrou Solla.

O deputado lembrou, ainda, que, naquela ocasião, a Polícia Federal fez uma investigação em todos os hospitais federais do Rio. “E encontrou fraudes e desvios em todos os serviços terceirizados contratados, de lavanderia, de alimentação, dentre outros”, disse Solla.

Segundo o deputado, a proximidade do governo Bolsonaro com grupos milicianos fez a prática avançar. “A milícia entrou com toda força nessas unidades. Não por acaso houve essa reação a uma decisão correta da ministra para combater desvio de recursos”, observa.

Por fim, o deputado manifestou solidariedade tanto à ministra quanto ao agora ex-secretário de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Magalhães. “Todo apoio às medidas que precisam ser adotadas para tomar essas unidades das mãos do crime organizado”, concluiu.