02 de Maio de 2024

Casos de infarto aumentam no Brasil, especialmente no inverno

O infarto agudo do miocárdio, conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando há a obstrução de uma ou mais artérias coronárias que irrigam o coração. Dados recentes do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) revelaram que, entre 2008 e 2022, o número de internações por essa doença aumentou 150% no Brasil. Entre os fatores que aumentam os riscos, além da idade avançada, hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, tabagismo e obesidade, destacam-se o frio - no inverno, as ocorrências são mais frequentes - e, mais recentemente, as infecções causadas pela Covid-19. 

Até setembro, quando a estação mais fria do ano dá lugar à primavera, o número de ocorrências de infarto deve aumentar, assim como a frequência de realização de cateterismo cardíaco, “exame padrão-ouro que revela a causa do infarto e, eventualmente, evolui com a angioplastia, procedimento que restabelece o fluxo da artéria coronária quando há obstruções”, explicou o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara.  É a partir do estudo das coronárias feito no cateterismo que também se indica a cirurgia de revascularização miocárdica em alguns poucos casos.

Em 2022, segundo o INC, o número de infartos no inverno foi 27,8% maior em mulheres e 27,4% maior em homens na comparação com o verão. No frio, na tentativa de manter a temperatura do corpo, os vasos sanguíneos se contraem e diminuem de diâmetro (vasoconstrição), situação que pode levar ao infarto e piorar a hipertensão em pacientes com predisposição.  

Covid-19 - Pelo fato da Covid-19 ser uma doença que atinge principalmente as vias respiratórias, acreditou-se inicialmente que ela afetava apenas as vias aéreas e o pulmão. Todavia, estudos sérios confirmaram as suspeitas de que a doença é sistêmica, ou seja, afeta todo o corpo, inclusive os vasos sanguíneos e o coração. “Tanto é que a infecção causada pela Covid-19 aumenta em 50% o risco do desenvolvimento de doenças como miocardite (inflamação no músculo cardíaco) e trombose (formação de coágulos no sangue que dificulta o fluxo de vasos sanguíneos)”, pontuou Sérgio Câmara.

Diagnóstico - Do ponto de vista do diagnóstico do infarto, o cateterismo é um dos procedimentos mais comuns. Ele avalia a anatomia das artérias coronárias e a medida de pressões nas câmaras cardíacas através da inserção de um cateter em uma artéria pela virilha ou pulso. Guiado até o coração, o cateter pode medir a pressão arterial no órgão, obter amostras de sangue para análise, injetar contraste para visualizar as artérias coronárias e/ou verificar a função das válvulas cardíacas. “Embora seja um procedimento padrão-ouro, o cateterismo tem suas limitações. Por isso, durante o procedimento, exames de imagem ou de fisiologia intravascular podem ser necessários para melhor esclarecimento da causa da obstrução”, explicou o hemodinamicista Sérgio Câmara.

Tratamento - Do ponto de vista do tratamento, a angioplastia coronária para tratar o infarto é bem frequente na rotina do especialista. Ela é realizada quando as artérias que suprem o coração ficam estreitadas ou bloqueadas devido ao acúmulo de placas de gordura e/ou trombo. “Através do cateter, é insuflado um balão dentro da artéria coronária, dilatando o estreitamento e um stent é colocado para manter o trajeto pérvio”, afirmou Sérgio Câmara. O stent é um arcabouço metálico embebido em remédio usado para restaurar o fluxo sanguíneo em uma artéria e garantir o seu resultado no longo prazo.

O Brasil está entre os países com os maiores índices de obesidade no mundo; a população brasileira está envelhecendo; em virtude das mudanças climáticas, o frio está mais intenso em algumas regiões do país; e, somado a tudo isso, há um grande número de brasileiros que foram infectados pela Covid-19, doença que, comprovadamente, afeta a saúde cardiovascular. “Este cenário, aliado ao fato das doenças cardiovasculares serem a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil, preocupa os especialistas e a população”, resumiu o cardiologista intervencionista dos hospitais da Rede D'or e do Hospital da Bahia/DASA, em Salvador, Sérgio Câmara. As principais formas de prevenção ao infarto são a prática de exercícios físicos, a alimentação balanceada, a cessação do tabagismo, o controle do estresse e a adoção de outros hábitos saudáveis, além da realização de consultas e exames de rotina.

Whatsapp

Ultimas notícias

Galeria

Bahia Farm Show apresenta exposição fotográfica sobre as belezas do Oeste da Bahia
Exposição aproximará startups agrícolas de investidores privados
Ver todas as galerias

Artigos